
PRECISAMOS EXPERIMENTAR OS SABORES DO MUNDO PARA SABER O GOSTINHO QUE ELE TEM...

domingo, 27 de dezembro de 2009
Oração Árabe de Ano Novo

domingo, 29 de novembro de 2009
Coisas das Arábias

O valor dos automóveis na Arábia Saudita é bem menor que no Brasil. Carros novos, grandes, espaçosos e luxuosos transitam pelas ruas do país. Ter um carro grande é artigo de primeira necessidade, já que os árabes precisam transportar suas populosas famílias compostas de mais de uma esposa e muitos filhos. Curioso é que os proprietários destes veículos não retiram o plástico dos bancos quando saem das lojas. O interior do automóvel fica protegido com estes plásticos por anos. Depois de se estragarem são substituídos por plásticos novos, alguns mais resistentes. Provavelmente assim eles sentem-se mais à vontade para sujar os carros sem dó algum.
Tenho verdadeira aversão por passar roupa. E evitando passar por este tipo de trabalho forçado em solo arábico, não me dei nem mesmo ao trabalho de adquirir um ferro e uma tábua de passar roupas. Existem lavanderias aos borbotões em Jeddah. Por um preço módico as roupas voltam limpas e super bem passadas em cabides que vão diretamente ao armário. Uma glória! Detesto passar roupas assim como detesto varal de roupas. Da máquina de lavar as roupas deveriam tomar o rumo da máquina de secar. Para a alegria das donas de casa, máquinas revolucionárias de lavar e secar dois em um já circulam nas lojas e lares do mundo com valores cada dia mais acessíveis. Outra glória!
Os salões turcos para o público masculino cortar o cabelo e aparar a barba em estilo Maomé também existem em abundância pela cidade e são muito bons. Durante as rezas, e do meio dia às 17hs, eles fecham suas portas e não atendem ninguém, assim como o restante do comércio. O grande movimento acaba sendo no período na noite, após a última reza, chamada de isha. A cidade fica muito movimentada e o trânsito tremendamente caótico após a isha. Não tem jeito! A cidade para cinco vezes ao dia para escutar o maior hit das arábias. O som sai dos alto-falantes instalados nos minaretes das mesquitas e pelos meios de comunicação do país. A reza lidera o top ten nas Arábias!
Os sauditas não gostam muito de trabalhar. Ganham a vida com a mão-de-obra do trabalho de outras nacionalidades. Todo negócio tem que ter, obrigatoriamente, um sócio e um percentual de funcionários sauditas. A maioria destes sauditas nem aparece para trabalhar, mas nunca deixam de receber seus pagamentos. Pessoas dos mais diversos países trabalham na Arábia Saudita. Nacionalidades que minha geografia limitada não imaginava existir, não ousava conhecer. O mundo é infinito dentro do inimaginável. Verdadeiras realidades irreais!
domingo, 15 de novembro de 2009
Comer, Beber, Viver!

Acho uma gracinha os carrinhos que ficam nas ruas e calçadas para o lixo ser colocado. Na cor magenta, eles colorem a cidade e são da mesma cor do uniforme macacão dos garis que tentam manter a limpeza. Já os trabalhadores que cuidam dos canteiros e jardinagem das praças, usam o mesmo modelito profissional, porém são na cor verde.
Diversas cafeterias enfeitam as avenidas e os centros comerciais. O café, cujo nome científico é Coffea Arábica (mesmo tendo origem africana), se adaptou muito bem quando veio para a arábia no século XV. Neste passado meio distante, os frutos do cafeeiro eram assados na gordura e comidos com açucar. A infusão dos grãos teve início no século XVI em Meca e Medina, cidades sagradas e vizinhas da amada Jeddah. A partir daí, passou a ser difundida no ocidente. Sento confortavelmente na poltrona do Barnie’s, do Starbucks, do Costa Coffee, do Second Cup e do The Coffee Bean para assistir ao desfile de abayas negras e de thobes brancos enquanto provo cafés quentes e gelados. Como as mulheres de abaya e os homens de thobe (vestimenta tradicional dos homens sauditas) são tremendamente preguiçosos, as cafeterias mantém centenas de pequeninos pontos com sistema de drive thru. Tenho um amor especial por duas casas de café na Arábia Saudita. Cobertos de sabor bairrista, o Café Tche e o Café Larica são os mais sensacionais para mim.
Os dias passam rapidamente e os segundos parecem acompanhar a velocidade da luz. Criam-se novos laços de amizade e alguns se perdem. Ganho novos amigos, o círculo social floresce e muitos eventos aparecem. Certa noite, empolgada depois de beber algumas taças do vinho artesanal por mim produzido, saí com meu marido rumo à festa de aniversário de uma amiga brasileira em outro condomínio. No meio do caminho, me dei conta que havia saído sem a abaya (vestimenta obrigatória para as mulheres andarem na rua). Sob o olhar perplexo de alguns, chegamos ao nosso destino. Sem transtornos! Adentrei no local da festa com um bolo amarelo em mãos. Ele fora elaborado por mim, e estava enfeitado com graciosas margaridas e flores encarnadas feitas de açúcar. Eis que surge uma simpática portuguesa, chegada a um mês de Lisboa, perguntando-me se a tal Xoxa das Arábias era eu. Ela localizou o blog através do google, a alguns meses atrás, quando buscava informações sobre a vida na cidade de Jeddah. Fiquei toda boba, lisonjeada. Senti sabor semelhante quando recebi encomendas de docinhos e realizei minha primeira entrega de brigadeiros e beijinhos a uma moçambicana.
Os indianos acreditavam que o açucar teria sido criado por Vishwamitra, para alimentar os deuses. Alexandre, o Grande, definiu o açucar como “um mel sólido, obtido sem o auxílio das abelhas”. A beleza da vida é cheia de deuses açucarados. Feita de fatos rotineiros que nos fazem existir com maior plenitude, com doçura. Preciso desta felicidade transcendente para viver! Assim como motivos para continuar os dias comendo e bebendo; com os olhos, o nariz e a boca.
domingo, 1 de novembro de 2009
Pedras de Petra

Pegamos um veículo amarelado e pedimos ao motorista que nos deixasse na rodoviária. Durante toda a manhã, ônibus saem da rodoviária em direção a Petra. A passagem custa cinco Jordanian Dinars (JD) mas com insistência e bom choro sai por três Dinars. Detalhe: o ônibus só parte depois que enche. Árabes com roupas típicas, mulheres cobertas, crianças aos prantos, e um cidadão que fumava sem parar, preencheram os assentos. O ônibus partiu depois de duas horas de espera. Aleluia! O percurso até a cidade de Petra foi feito em quatro horas. As plantações de oliveiras e os rebanhos de cabras coloriram o visual durante o trajeto.
Fizemos o check-in em um hotel de baixo custo escolhido pela internet. Nos aprumamos até a entrada do parque arqueológico, à trezentos metros do hotel. Você tem a opção de comprar o ticket para um, dois ou três dias. Vale a pena passar mais de um dia caminhando e escalando as pedras históricas do lugar. Existem carruagens, cavalos, camelos e jumentos (animais bonitos e bem tratatos) que podem ser contratados. Mas negocie o valor. Petra, que significa pedra em grego, é considereda uma das Sete Maravilhas do Mundo Novo e Patrimônio Mundial da Unesco. A cidade teve grande importância no comércio mundial e serviu de rota comercial bem antes do profeta Jesus nascer. Habitada pelo povo Nabateus, foi destruída por um terremoto em 551d.c., e redescoberta em 1812 por um europeu.
Ainda estávamos no interior do parque quando a noite caiu, foram seis horas explorando os cantos do desfiladeiro. Ficamos encantados com os monumentos escavados nas rochas. Foi o tempo de tomar uma ducha e partir novamente para ver o espetáculo de velas iluminando o lugar. O Candlelight Show acontece três vezes por semana. O público caminha uma hora e meia entre milhares de velas até o templo principal (Al-Khazneh). É importante realizar a empreitada de tênnis, pois na escuridão, as pedras e os buracos também são pardos. Ao chegarmos na Câmara do Tesouro, nos acomodamos em tapetes estilo “voador” e fomos agraciados com um delicioso chá de lemongrasss acompanhado pelas velas, as estrelas e um lindo luar.
Acordamos cedo no outro dia e continuamos a peregrinação para desvendarmos os fascínios das pedras de Petra. Em alguns pontos que se fez necessário repetir as passagens, vimos de outro prisma. A cidade rosa de Petra é encantadora em cada segundo, uma beleza ímpar em cada horário. O lugar agracia os nossos olhos e faz jus ao título de maravilha mundial.
Adoro fazer viagens; para qualquer destino, a qualquer momento e em qualquer situação. Não sou muito ligada a comodismos, mas confesso que também gosto das regalias dos hoteis estrelados. Partimos satisfeitos depois de realizarmos a última cruzada. Voltamos ao conforto do lar saudita, pois voltar para casa também é sempre muito bom.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Banho de Lama no Mar Morto

Planejamos a viagem à Jordânia três dias antes do nosso embarque. O objetivo em conhecer o país era irmos até a cidade de Petra, uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Mesmo sabendo que não teríamos tempo de banhar-nos nas águas salobras do Mar Morto, não consegui tirar esta idéia fixa da minha cabeça. O visto de entrada foi feito rapidamente quando chegamos em Amman, capital do país. Como as primeiras horas em lugares desconhecidos são sempre estranhas, solicitamos ao hotel um taxi particular para nos buscar. Com atraso, o Sr. Motorista apareceu e rumamos ao hotel de vinte dolares em seu carro escangalhado e sem ar condicionado. E, é claro, com uma diária deste valor, o conforto das estrelas oferecidas se encontravam no céu.
A idéia fixa de tomar banho com a milagrosa lama do Mar Morto acabou virando fato. Acertamos o valor do passeio e percorremos em torno de duas horas e meia pelas estradas jordanianas até avistarmos o lago de água salgada. Na margem de cá, a Jordânia; na de lá, a Palestina. Existem vários clubes e hotéis cinco estrelas na orla, você compra o ticket e passa o dia usufruindo o entretenimento oferecido por eles. Entramos em um destes clubes e fomos almoçar no restaurante para provar a comida local. Catastroficamente eu não havia levado roupa de banho, mas mesmo assim não me abalei. A textura da água é bem diferente, escura e parece ter óleo. Realizei um banho em estilo tcheco e lavei bem o rosto, achei que fosse ficar cega quando abri os meus olhos. Meu lábio também ficou extremamente salgado. Depois é que li as instruções em uma placa. Estas águas são consideradas as mais salgadas do mundo e as pessoas não tem como afundar. Um turista boiava tranquilamente na água enquanto lia o jornal. Depois de banhar-me na água que é composta por vários tipos de sais, algumas delas encontradas somente aqui, entrei na fila para o banho de lama. Paguei uma pequena taxa e pude encher as mãos com a lama de cheiro estranho para passar nas minhas pernas, braços e face. Depois do ritual de beleza asfáltico, assistimos ao sol se pondo em território palestino.
Comprei lama embalada para levar para casa, assim como outros produtos mágicos que eles vendem e que são fabricados aqui. Voltamos ao hotel para descanso. No outro dia, o destino foi a rodoviária. Fomos atrás de Petra. Lá, realizamos a última cruzada, sempre lembrando de viver a vida!
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Eid Mubarak

Depois de todos os rituais diários exercidos durante o Ramadan, foi a vez de conhecer um pouco sobre as festividades islâmicas do Eid. O festival religioso do Eid ocorreu do dia 20 ao dia 25 de setembro. A grande maioria dos lugares mantiveram-se sem expediente durante estes dias. É uma data em que os muçulmanos recebem visitas, reunem-se com parentes e amigos, trocam presentes e festejam. Inclusive as crianças devem fazer caridade prezando sempre pelo espírito amoroso. Laços de fraternidade são criados. Muitas rezas continuam a ser feitas.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Jejuando no Ramadan

Segundo a tradição, foi nesta época do ano que o profeta Maomé (Mohammed) teria recebido a revelação do Alcorão. Aos pecadores, esta é a oportunidade de redimirem-se dos pecados. Eles ficam sem beber e sem comer para entender como os pobres se sentem. Precisam livrar-se de tudo que vai contra os ensinamentos de Allah. Mulheres grávidas, enfermos e crianças não precisam praticar o jejum.
Quando cheguei em Jeddah, há seis meses atrás, muitas pessoas se referiam ao Ramadan como uma coisa ruim. Muitos ocidentais migram para seus países de origem nesta época do ano. Os não-muçulmanos acham que é um período de abstenção em suas rotinas. Eu curti o Ramadan em cada um de seus detalhes. Curti ainda mais. Durante o Ramadan, os supermercados abrem à partir das 10hs e parte do comércio das 14hs às 17hs. As cinco pausas para as rezas diárias continuam. Nenhum restaurante, cafeteria ou afins funcionam pela manhã ou a tarde. Mesmo os estrangeiros estão proibidos de comer, beber e fumar em público durante a luz do dia. Por volta das 18h30min, dependendo do dia e da região, ocorre a quebra do jejum, chamado de Iftar (café da manhã). Minutos antes deste horário as pessoas lotam as ruas e restaurantes em busca de alimentos. Nas sinaleiras, são distribuídas tâmaras docinhas e macias com laban e água gelada. Depois do café da manhã noturno acompanhado de um farto desjejum, eles voltam a rezar e as ruas ficam desertas. Retomam as atividades à partir das 22hs, que perdurará por toda a madrugada, até o primeiro raio de sol. Não tem balada, mais tem Ramadan! Morcegos do deserto.
Em uma tarde dessas, estava no shopping e me bateu uma sede feroz e incontrolável. Comprei uma bebida no supermercado do Mall e fomos para o carro. Bebemos escondidos, certificando-se que ninguém se aproximava. Beber um líquido inocente e lícito pode resultar em “cana” durante o jejum. Fui a quatro Iftars (café da manhã) aqui em Jeddah. É uma comemoração cara, em torno de cinquenta dolares americanos por pessoa. Em um deles, ao nos servirem, começamos imediatamente a comer. Depois de alguns olhares, fomos advertidos de que tínhamos que parar e aguardar o horário certo para começarmos a comer, depois do horário da reza. Tá ficando difícil se livrar dos pecados. O tradicional Iftar saudita, entre muitas comidas e bebidas, é farto de tâmaras. A tâmara é reverenciada pelo povo árabe. Maomé recomenda ao seus fiéis que idolatrem o fruto como sendo um membro da família. Ele afirma que a tâmara foi criada com o resto de barro usado para criar Adão.
Acho que nunca tinha ouvido falar sobre o Ramadan em outra época da minha vida. Estou cumprindo sacramento mas não me considero uma pessoa das mais cristãs. Fiz primeira comunhão, fui batizada e crismada. Tenho admiração por particularidades de religiões distintas, mas muitas vezes me descobri ateia. Talvez a admiração que eu tenha por outras religiões seja de outras vidas. A vida e seus sabores estão cheios de pontos de interrogação, exclamação e vários três pontinhos. Mas não temos como prever quando será o ponto final, se é que ele existe...
Ramadan Kareem!!
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Piquenique em Taif

A oportunidade para o típico piquenique acabou aparecendo. Subimos a serra saudita em direção a cidade de Taif, lugar onde os árabes adoram passear em busca de um calor bruxuleante nas alturas. Pegamos o acesso para não-muçulmanos em direção a cidade e deixamos Meca (capital espiritual do islamismo) para trás. Avistamos as tendas dos beduínos nômades com seus rebanhos de camelídeos. Montanhas de pedras em um solo arenoso. O trajeto de aproximadamente 150km passou rapidamente e nem senti que estávamos a uma velocidade de 170km p/hora. Não entendi a pressa. Me dei conta que estávamos nos aproximando de Taif quando a altitude começou a aumentar drasticamente. Paramos para registrar o cenário através de fotos e percebi o frescor da temperatura em minha pele.
Chegando em Taif as coisas complicaram um pouco, as placas estavam escritas somente em árabe e não tínhamos noção para onde ir. Estávamos com mais brasileiros em outros dois carros, e o aparelho GPS de um deles não achou informações turísticas animadoras. Aliás, como a Arábia Saudita é um dos países mais fechados do mundo, eles não emitem visto de turismo, somente visto de turismo religioso, ou seja, para muçulmanos. Descolamos a visita ao zoológico da cidade e fomos até lá conferir. Não tínhamos muita escolha, o horário do meio dia se aproximava e junto a hora da reza e da sesta, onde tudo fecha por algumas horas. Acabamos entrando e alugamos um carrinho de golfe para nos protegermos do sol do meio dia. Os homens logo abandonaram a direção e o pequeno veículo. Eu assumi o controle da máquina e os olhos sauditas não aprovaram muito. Seguimos o passeio. Pobres animais! O elefante olhava tristonho e o jacaré estava ensopado na água quente e suja acompanhado por garrafas vazias que foram jogadas. Na gaiola do pássaro Quail, havia um gato que descansava tranquilamente na sombra do telhado, talvez fazendo a digestão. Os cães e os gatos ganham destaque, aqui eles são animais de zoológico. Já os camelos e os dromedários pareciam contentes no hábitat arábico.
Fomos até a entrada de outro parque e montamos o piquenique à sombra de algumas árvores. Comemos, bebemos e curtimos um chimarrão rodeados por árvores decoradas com centenas de sacos plásticos tremulando ao vento oriundos do lixo que o povo deixa por onde passa. Não localizamos as famosas plantações de rosas e não andamos no teleférico. Assim, teremos pretexto para voltar à serra saudita.
No retorno, encostamos o carro para ver um bando de macacos babuínos recebendo guloseimas e divertindo as pessoas com seus traseiros vermelhos. Nos despedimos dos babuínos e dos beduínos. Descemos a região montanhosa e voltamos pela estrada envoltos pela imensidão das areias do vasto deserto. Uma vegetação escassa, mas existente e de um verde intenso. Provando que a vida é possível em todos os lugares, em qualquer condição, em toda direção.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Comes, Bebes e Cia

Como o consumo e a venda das bebidas alcoólicas são proibidos em toda a Arábia Saudita, as casas de suco de frutas são predominantes na maioria dos locais. Eles também vendem caldo de cana e aparentemente as máquinas são mais evoluídas do que as encontradas no Brasil. Logo que cheguei, comprávamos garrafa de dois litros para beber em casa, mas logo eliminamos este hábito açucarado e calórico. Gosto muito do suco de manga com abacate e mel, tem um gostinho todo especial. Bebo bastante o de limão com hortelã e algumas vezes o suco de romã, super na moda em virtude de seus benefícios.
domingo, 16 de agosto de 2009
La Gruyère

Fomos passar o dia na cidade de Bex, subimos um bom trecho da rota das montanhas cruzando por rios e cachoeiras abençoados pela natureza do lugar. Almoçamos em um restaurante Bio, o La Soldanelle, e pedi um prato dos deuses. Rösti, também conhecida como Batata Suiça, que é uma deliciosa batata ralada, dourada e crocante. Meu pedido foi caprichado, com reforço de queijo e toucinho. DELÍCIA! Após a refeição, onde a sobremesa e o vinho facilitaram a digestão, continuamos subindo pela rota das montanhas nos Alpes Suiços. Alcançamos o Parque Grand Muveran com suas esplêndidas paisagens e um jardim botânico alpino, com espécies de plantas e flores das montanhas do mundo todo.
O passeio até Luzern (parte alemã da Suiça) também foi valioso. No caminho passamos por um belíssimo e grandioso estábulo todo envidraçado (até mesmo o telhado era de vidro) para que os animais possam admirar a vista ao redor. A cidade de Luzern é tão perfeita que mais parece uma maquete. Tudo muito limpo e lindo!
Tem um programa de culinária muito legal que fez parte do meu dia-a-dia suiço. Un Dîner Presque Parfait, um reality show, onde cinco participantes precisam preparar, em suas residências, um jantar completo aos demais concorrentes. Os próprios participantes é que desfrutam da noite e que dão as notas ao anfitrião no final do jantar. Notas de zero à dez, nos quesitos cardápio, ambiente e apresentação dos pratos. No final de cada semana são abertos os envelopes das notas para saber o vencedor. Fiquei viciada neste programinha de TV. Outro programa bacana de culinária é o Pique Assiette, onde a apresentadora, de uma forma bem humorada, prepara pratos coloridos, práticos e rápidos, inspirados fortemente na culinária mediterrânea.
Depois de comer muito blue berry, morangos e framboesas silvestres que eu mesma colhia na floresta (as mais saborosas e mais doces que já comi), chegou a hora de partir. Guardarei belas recordações das vaquinhas alimentando-se das flores coloridas da mística montanha e da música que seus sinos soavam aos meus ouvidos. Inesquecíveis fadas e borboletas que me fizeram boa companhia, esguios pinheiros guardiões da região encantada de Gruyères. Obrigada à vida por me dar a oportunidade de viver todos estes momentos maravilhosos e encantadores, que nos preenchem com abundância de alegria e amor.
Desejo voltar na primavera, no outono e no inverno!
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Petit Sabores

Na suiça, hospedada na região de Gruyères, meus sentidos fizeram várias descobertas. Hóspede de uma cozinheira de mão cheia, que morou em vários países, aprendi novas receitas e grandes segredos. Nossas idas ao supermercado e lojas do ramo renderam muito. Com uma paciência de Jó, ela me explicava cada ingrediente e utensílio novo aos meus olhos. Fiquei tremendamente surpresa ao ver uma quantidade imensa de damascos frescos, que coisa mais linda. Delicados! Passava o dia saboreando-os. Sempre tive muita vontade de provar carne de cavalo, mas nunca pensei que fosse finalmente prová-la na Suiça, gostei bastante. Também experimentei interessantes saladas de raiz de salsão e raiz de funcho, bem comuns por lá.
sábado, 8 de agosto de 2009
Verão Suiço

O distrito de Gruyères (que leva “s”na escrita), região famosa por seu castelo e pelo queijo Gruyère (que não leva “s”na escrita), esconde muitos contos e lendas. Um lugar onde tudo é lindo, gostoso e charmoso. O nome Gruyères vem da ave grua, estampada graciosamente na bandeira local e enfeitando grande parte do lugar e dos objetos. O lugarejo medieval de Gruyères, fechado com muros, é um lugar perfeito para voltar no tempo. Caminhei pela única rua do lugar apreciando a beleza das casas antigas com suas janelas floridas. Restaurantes, hoteis e lojinhas ocupam o interior das casas. Lá no final da rua, onde termina a pequenina cidade, um castelo do século XIII, é o Château de Gruyères. Na volta, descendo rua abaixo pelo romântico e pequeno lugar, fui abduzida até as janelas de um bar. Fiquei hipnotizada e entrei para beber algo. Quando dei-me por conta, estava na garganta de um monstro gigante, sentada na espinha de um bixo estranho. O bar do Alien, ou melhor, o HR GIGER Museum Bar, é de propriedade do suiço HR Giger, criador do alienígina do filme ALIEN, entre outras obras surrealistas.
Montreux, cidade internacional da música, patrimônio da humanidade pela unesco, com plantações de videiras de um verde intenso, é uma cidade fascinante. Fazer um passeio no fim de tarde às margens do Lac Léman (lago de Genebra) e sentar em um dos bancos para tomar sorvete vendo o povo passar e banhar-se em suas águas é bacana. Os patos do lago fazem a festa junto das mulheres que tomam sol e fazem topless. Não é a toa que o lugar leva o título de Riviera Suiça. Ao longe, alheio a tudo, o imponente castelo de Chillon compõe a vista, enquanto a estátua de Freddy Mercury canta empolgada na beira do lago.
As estradas na Suiça são excelentes e fica fácil circular de carro. Nesta época de férias de verão, os trailers e motor homes invadem as estradas e parques em todo país. Tudo é ecologicamente correto e impecável. A natureza na Suiça é formidável!
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Suiça Encantada

Certa noite, saímos para jantar na casa de uns amigos na área do condomínio e, ao voltar, vendo as cortinas esvoaçantes pela porta da varanda, dei-me conta que havia esquecido a porta aberta. O que que aconteceu?! Gata Nougat havia desaparecido!! Meu marido e eu passamos parte da noite procurando-a com lanterna pelos intermináveis canteiros, piscinas e ruas do compound. Usamos várias táticas, todas em vão. As buscas iniciaram novamente ao raiar do dia. Cansada de tanto procurar Gata Nougat e já com a esperança esvaindo-se pelas minhas mãos, retornei para casa. Foi quando entre uma peça e outra, em um piscar de olhos, deparei-me com Gata Nougat, deitada em sua caminha, ofegante, após passar a noite na farra.
sábado, 1 de agosto de 2009
QUÉOPS, QUÉFREN E A ESFINGE GUARDIÃ

Conhecemos as cidades milenares de Mênfis e Saqqara, e percorremos as matas repletas de tamareiras carregadas de frutos que aguardavam a época da colheita. Depois de passar o dia nestas incansáveis andanças, curtimos o pôr do sol em um agradável restaurante flutuante sobre as águas do Rio Nilo. PERFEITO!
A visita ao Egyptian Museum foi frustante em vários sentidos, a parte interna do prédio está em péssimo estado de conservação e o ar condicinado é péssimo. Terrível! Acabamos fazendo várias brincadeiras e palhaçadas com as peças do museu, deixando a visita um pouco mais agradável. Para completar, a loja de souvenirs do museu estava fechada. Após o museu mudar-se para o novo e moderno prédio (já em construção), tudo ficará melhor.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
ALEXANDRIA, ALEXANDRE E ALESSANDRA

Para ganhar tempo e não gastar muito contratamos um carro com motorista para fazer um city tour pelos principais pontos turísticos da cidade. Me deslumbrei com o padrão dos taxis Lada Laika de cor preta e amarela. As fachadas dos prédios não recebem nenhum tipo de manutenção, e acabam seguindo a cor e o aspecto das areias do deserto.
Rodando pela Corniche, apreciamos as águas do Mediterrâneo com seus banhistas chegando para curtir um sábado de sol (o final de semana no Egito ocorre às sextas e sábados). No Egito, mesmo sendo um país muçulmano mais liberal, as mulheres andam cobertas e com lenços coloridos nos cabelos. Os cafés e restaurantes da beira mar ficam repletos de poltronas com clientes que fumam shishas de diferentes aromas e sabores. Quando avistei a ponte em estilo medieval da Stanley Beach tive vontade de parar o carro e ficar ali por alguns dias.
Cruzamos pelos portões do Montazah Palace e circulamos pelo bosque repleto de árvores flamboyant cobertas com flores de um laranja intenso. Um agradável local para se fazer um convescote nas belíssimas tendas distribuídas pelo jardim. Apenas circundamos o prédio do palácio, pois é fechado para visitações. Fomos caminhando até a praia de Mamoura e aproveitamos para tomar sorvete em uma vendinha local.
Meu grande objetivo em Alexandria era a visita à Bibliotheca Alexandrina. A Antiga Biblioteca, onde grandes personalidades históricas estiveram reunidas à partir do século 3 a.C., foi destruída pelas chamas e já não existe mais. Em uma construção escultural, o novo e moderno prédio abriga uma biblioteca e um centro cultural. Nas pedras que revestem a fachada da gigantesca biblioteca, estão esculpidos hieroglifos que foram criados pela humanidade ao longo de sua existência. Como era final de semana e o local estava lotado de crianças, adolescentes e turistas, ficou impossível curtir uma visita interna adequada. Mas Alexandre, o Grande, não tardou em mostrar seu poder novamente. Localizamos uma cafeteria do Hilton Hotel junto ao complexo cultural. Degustamos um saboroso shawarma (sanduíche árabe) na varanda do café e relaxamos apreciando a vista do mar. Curtimos o visual, saciamos a fome e a sede e pegamos a estrada. Rumamos em nosso tapete voador em direção à capital, Cairo, atrás das tumbas do faraós, das pirâmides enigmáticas e do gênio da lâmpada mágica.
domingo, 28 de junho de 2009
Curiosidades Ato I

Quem não lembra das fitas K7? Aqui elas continuam vivas! Abastecem as prateleiras das lojas e disputam lugar com os CDs e DVDs. Nas modernas seções de eletrônicos, gôndolas exibem diferentes modelos de aparelhos “toca-fitas”que continuam a vender e tocar fita cassete. Estes dias achei uma fita K7 da dupla Sandy e Junior para vender.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Old Jeddah

Um dos meus lugares preferidos em qualquer lugar do mundo é, definitivamente, o centro das cidades. É no centro que as coisas continuam a acontecer, mesmo pertencendo ao passado os tempos áureos do glamour. Aqui, em Jeddah, não seria diferente. Ainda bem! O centro de Jeddah é recheado de história, cheiros, cores e muita barganha. Duas vezes por semana, nas terças e nas quintas-feiras, pela manhã, o ônibus do compound vai até o main souk (mercado central), onde os moradores efetuam desde as compras básicas até as mais excêntricas. Quanta bugiganga, devaneios acontecem!
terça-feira, 19 de maio de 2009
A Casa das Quatro Mulheres

Mas a vingança feminina está vindo à camelo. No país chamado UZBEQUISTÃO, a poliandria já é permitida. As mulheres muçulmanas podem firmar casamento com dois homens, isto mesmo, DOIS HOMENS! Pensando bem, este fanatismo islâmico não é de todo mal. Passarei a levar mais a sério as brincadeiras do meu marido em nos convertermos ao islamismo, para ele poder ter mais três esposas.
PELOS PODERES DE GRAYSKULL!!! Salvem-se quem puder...
sábado, 9 de maio de 2009
GP do Bahrain

Desembarcamos em Dammam e pegamos uma carona com um colega de trabalho do meu marido. Foram uns cem kilômetros rumo ao pequenino país chamado Bahrain (692km2). No caminho não contive a euforia ao avistar ao longe, pela primeira vez, a moradia dos beduínos e uma fila de camelinhos. É incrível! Os beduínos vivem em tendas, isolados, no meio do deserto. Avançamos pela burocracia da imigração e encantei-me com o verde esmeralda das águas do Golfo Pérsico. Rodamos pelos vinte e seis kilômetros da ponte King Fahd atrás de diversão. No Bahrain, ao contrário da Arábia Saudita, há cinema, teatro, shows, consumo de bebidas alcólicas, carne de porco e derivados, as mulheres podem andar sem a abaya, sem o véu... E o melhor de tudo, podem dirigir livremente!
O país estava preparado e decorado para sediar o Grande Prêmio de F1. Até mesmo alguns táxis tinham a pintura do teto com o xadrez preto e branco da bandeirada final. Uma gracinha! A beleza da cor do mar, contornando o arquipélago, completaram o cenário. Nas ruas, o paisagismo é repleto de tamareiras terrosas e verdejantes, de todos os tamanhos, por todos os lados.
Despertamos e saboreamos um gostoso brunch na casa dos super anfitriões gaúchos. Depois de forrarmos o estômago, partimos para o local do evento. Uau! Avistamos as instalações do circuito internacional do Bahrain no escaldante deserto de SAKHIR. Chegamos fardados, com esperanças, de um possível pódio brasileiro. Para enfrentar o forte calor de 40 graus, muita água e Red Bull para amenizar. Tudo muito civilizado e organizado. Perto da hora do início da largada, deixamos a agradável área de lazer atrás de nossas cadeiras na turn one. Infelizmente, o show de caças da Força Aérea do Bahrain foi fraco e o tão esperado rasante do avião da Gulf Air não aconteceu. A pista do autódromo é nova, moderna e segura. Passei a corrida completamente perdida de quem era quem, nem ao menos as escuderias eu sabia direito. Só reconheci o Massa pelo seu capacete com as cores da nossa bandeira, mas não tinha a mínima idéia de qual posição ele se encontrava. Sem o protetor auricular, teria sido impossível assistir a corrida. O ronco da Ferrari deixará saudades, mas o sonhado pódio brasileiro não aconteceu.
Partimos deixando a ilha da fantasia para trás e antes de embarcar fomos cortejados pelo nascer do sol junto a mesquita do aeroporto de Dammam. Retornamos para Jeddah, na Arábia Saudita, onde o sabor do proibido será ainda mais gostoso.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Riyadh

Alugamos um carro na locadora AL JAZIRA. O dono, um libanês, perguntou nossa nacionalidade e fez questão de nos atender pessoalmente. Tomei chá e conheci toda a sua família por fotos e vídeos. Nos convidou para as refeições em sua casa e ofereceu hospedagem em Beirut. Foi difícil ele nos deixar partir. Os brasileiros são muito bem quistos na Arábia Saudita. Viva o futebol e seus talentos.
Pegamos a auto estrada a fim de encontrarmos a Old Riyadh. A bateria do GPS havia acabado, a gasolina se aproximava da reserva, e o horário da reza e da sesta estavam por vir. O pavor repentino tomou conta do meu marido, e concordei, meio a contragosto, em dar meia volta e deixar esta missão para outra oportunidade.
Vi estrelas e fui aos céus visitando o suntuoso prédio THE KINGDOM em seus 297metros. Só a viagem a bordo do elevador já valeu o ingresso pago, a iluminação no interior da máquina lembrava pedrinhas de brilhantes. Caminhei na futurista SKY BRIDGE em seus 63,7metros de comprimento. Com permissão do segurança filipino, me joguei nas vidraças e me deitei em busca de uma foto menos formal. Uma pena a visibilidade estar ruim por causa da areia. Não renderam muitas fotos. O almoço foi na praça de alimentação, em um fast food árabe; e para fazer a digestão, um refrescante sorvete.
Fomos até a cidade diplomática, a fim de efetuar o nosso registro. A cidade é linda, super organizada, até mesmo as residências dos funcionários das embaixadas ficam em condomínios dentro desta cidade. Localizamos o Consulado Brasileiro, e depois de nossa identificação na portaria, recebemos um humilde e confortável BOA TARDE em português. Caminhamos ao redor do imponente prédio atrás de atendimento. Esbravejei que precisaríamos de cipó para escalar. Rimos. UFA! Conseguimos adentrar e fomos atendidos com a ajuda do porteiro. Deixamos fotos nossas e contato no Brasil em caso de algum acontecimento catastrófico, vai saber...
Riyadh tem a cultura muçulmana mais enraizada que Jeddah, é bem mais fechada . Aqui, os MUTAWAS (polícia religiosa), são presença constante em locais públicos. Assombram mulheres atrás de HARAMS (pecados). Castigam as que não cobrem os cabelos, dançam, se divertem... Já me descreveram como são estes religiosos, mas ainda não os encontrei. Uma brasileira, que estava com dois colegas de trabalho, foi pega por um MUTAWA no dia em que estávamos na capital. Eles foram presos, questionados e libertados, pois tinham influência, mas não escaparam da multa e da humilhação. Na Arábia Saudita a mulher só pode andar acompanhada do marido, do pai ou dos irmãos. Para mim, os MUTAWAS ainda são personagens fictícios em um mundo irreal. Ando com o véu por achar charmoso, mas também ando sem, pelas ruas e pelos shoppings procurando esta espécie em extinção. Gostaria que Allah (Deus) me desse a oportunidade de ver estes seres que estão se evaporando nos céus do deserto e tem os dias contados por aqui.
Allah-U-Akbar! Allah-U-Akbar! Allah-U-Akbar!
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Primeiro mês em Jeddah

Aqui não existe carne de porco e derivados, e também não há nenhum tipo de bebida alcoólica para vender . A mulher não pode dirigir, nem mesmo as estrangeiras, assim como não pode muitas outras coisas. Diziam que eu não poderia sair sozinha na rua, mas logo percebi que isto não era bem assim, e passei a sair sozinha pra não depender tanto do meu marido e aproveitar melhor os dias vividos no Oriente Médio. Os dias não rendem muito, o comércio fecha ao meio dia para o almoço, e retorna a abrir só às 17hs. Além deste desperdício de horas, eles também fecham para rezar 5 vezes por dia, durante aproximadamente 30 min. Os horários são definidos de acordo com a posição solar. Logo que cheguei fiquei trancada em uma loja milionária no Red Sea Mall até a reza terminar, só depois eles voltaram a abrir as portas automáticas e pude, finalmente, sair. O final de semana na Arábia Saudita acontece nas quintas e sextas-feiras.
Felizmente, há aqui praias privativas para não muçulmanos, o que permitiu que eu me banhasse no refrescante e famoso Mar Vermelho. Foi uma sensação deliciosa! Como não estamos no ápice do verão, os dias tem sido frescos, em torno de 33 graus durante o dia e 26 durante a noite.
Para o mundo muçulmano, a páscoa não existe, então, resolvi preparar chocolates e grandes brigadeiros decorados à moda pascal. Improvisei um belo ninho em um prato fundo e coloquei durante a madrugada na porta de um queridíssimo casal de vizinhos sul africanos. Mais tarde, encontramos na nossa porta uma embalagem que a “coelhinha” sul africana havia nos deixado. Nela, continha um presente mais que inusitado, uma garrafa de vinho tinto e uma de vinho branco que ela mesma havia preparado. Prometeu nos dar a receita e ensinar os segredos da preparação e sua fermentação, que gira em torno de 6 semanas. Tenho certeza que Jesus, juntamente com o grande amigo e profeta Maomé (Mohammed), estarão nos abençoando com muito pão e vinho em uma certa arábia. Dentro do compound temos uma vida normal, nada de abayas. Estas, eu deixo para usá-las por cima da roupa, quando saio um pouco da realidade ocidental e busco fantasiar uma outra forma de enxergar a realidade por trás dos negros véus.
sábado, 18 de abril de 2009
Uma Breve História

Sempre sonhei em morar fora do Brasil, mas achei que este grande sonho jamais fosse um dia tornar-se real.
Fui precoce e anarquista em muitas coisas, mas sempre com os pés grudados no chão. Em 1989, aos 14 anos, meus pais faleceram num intervalo de apenas um mês e vinte dias. Foi quando comecei a trabalhar sem parar na área imobiliária. Cheguei a pesar 100kilos. Fiz teatro amador e nunca deixei de sonhar e viajar pelo infinito.
Em 1996, minha irmã me apresentou o meu marido, e à partir daí, aquele rapaz de falas e gestos fortes, me conquistou completamente e não me largou mais. Namoramos, noivamos e casamos!
Como a vida é um baú medieval cheio de surpresas, em fevereiro de 2006 meu marido partiu de Porto Alegre para trabalhar em Taiwan. Fiquei resolvendo minha vida profissional e pessoal no Rio Grande, sofri, chorei e engordei 20kg. Meus irmãos me fortaleceram e apoiaram-me na decisão de mudar o curso de minha vida e seguir meu amor.
Fui visitá-lo em abril e depois em agosto para alugarmos o nosso novo lar chinês. Em outubro ele me buscou para irmos de malas, cuia e erva mate nas mãos. Lá estávamos nós morando na República Rebelde da China.
O tempo passa, o mundo gira e a nossa vida também!
No dia 16 de março de 2009, desembarquei no aeroporto da cidade de Jeddah, na Arábia Saudita, estava trajando uma belíssima abaya negra (vestimenta obrigatória para as mulheres) com um esvoaçante véu. Meu marido demorou um pouco até me localizar em meio a tantas mulheres vestidas de preto. O carrinho empilhado de malas coloridas e o meu sorriso largo de felicidade facilitaram o reconhecimento de nossa chegada. Gato Kimbah, agora com 10 anos, não poderia faltar, e também nos acompanhou em mais esta mudança. Achei que somente as suas cinzas, em uma caixa chinesa, retornariam de sua triunfal quarentena e estada asiática. Tola fui eu. Antes de irmos pra nossa casa árabe, passeamos pela Corniche Road (beira mar) e fomos a um supermercado local. Para variar, fiquei encantada com tantas novidades e apreciei o setor de pães, doces e especiarias.Voltarei sozinha para sentir todos os cheiros e tentar não perder nenhum detalhe.
Tenho certeza que a criação que ganhei dos meus pais foi o alicerce dos dias bem vividos de hoje. As viagens que fizemos a bordo dos traillers que tivemos, a vida nos acampamentos e os anos em que moramos no sítio na cidade de Viamão, fizeram com que eu sempre amasse as coisas diferentes que o mundo nos proporciona. Herdei do meu pai o espírito aventureiro e zombeteiro; da minha mãe, o gosto pela culinária e as habilidades manuais.
Obrigada à força estranha que nos move diariamente, obrigada por tudo que vivi e as coisas que aprendi. Obrigada também pelas coisas que ainda não aprendi, nunca é tarde para começar e tentar novamente. Com saúde e força de vontade se vai longe, se desmitifica o mundo e suas surpresas. Precisamos experimentar os sabores do mundo e saber o gostinho que ele tem.