terça-feira, 19 de maio de 2009

A Casa das Quatro Mulheres

Todo homem sonha em ser muçulmano e morar no oriente médio para poder se casar com quatro mulheres. Sim, aqui, a poligamia é legalizada e possível. Todos os homens muçulmanos são coniventes com a realização e tradição deste desejo carnal da raça masculina. Estes dias presenciei em um restaurante um árabe jantando acompanhado de suas duas supostas esposas. Fez da mesa de jantar o seu HARÉM!!! Ganhava, de cada esposa, uma garfada de comidinha na boca. O grande fetiche masculino sendo realizado em público em pleno século XXI. Não consegui parar de espiar e narrar a patética cena ao meu marido.

No voo Dammam-Jeddah, o comissário de voo não deixou que eu sentasse entre o meu marido e um homem árabe, “sugeriu” que meu marido sentasse na poltrona do meio. Já no voo Riaydh-Jeddah, o avião estava lotado, e sentei na primeira poltrona, ao lado de um jovem saudita, bem longe do meu marido. Super curiosa, comecei a conversar com o rapaz. Ele contou que estava no primeiro casamento e ainda não tinha filhos. Perguntei se ele exigia que sua esposa cobrisse o rosto. Ele disse que sim, mas que uma vez por ano, nas férias, eles viajavam para fora do país, quando ela usufruia em andar com o rosto, as mãos, os pés e os cabelos descobertos. O comissário do voo ficou tão indignado por eu estar conversando com um homem estranho, que colocou as mãos na cintura e perguntou furioso o que estava acontecendo. Depois disto, ainda relatou o fato ao meu marido. Me senti a Geni, da música composta por Chico Buarque. Na Arábia Saudita, isto é considerado um HARAM (pecado). Aqui, quem dita as regras é a sharia (Lei Sagrada do Islamismo), sendo o Alcorão a fonte mais importante da jurisprudência. As pecadoras só precisam ser acusadas por três homens, e então são levadas a julgamento. A condenação pode ser com pedradas, chibatadas ou até mesmo a morte...

Mas a vingança feminina está vindo à camelo. No país chamado UZBEQUISTÃO, a poliandria já é permitida. As mulheres muçulmanas podem firmar casamento com dois homens, isto mesmo, DOIS HOMENS! Pensando bem, este fanatismo islâmico não é de todo mal. Passarei a levar mais a sério as brincadeiras do meu marido em nos convertermos ao islamismo, para ele poder ter mais três esposas.

O que mais os homens sauditas querem... Trabalham pouco, dormem muito, a maioria tem muita grana, e possuem até quatro mulheres escravas e submissas para lhe servir na cama, na mesa e no banho. Mesmo assim, não satisfeitos, viajam a outros países atrás de mulheres pecadoras, em busca de mais perversão (e ainda cobiçam a mulher do próximo dentro do próprio país). Quanta hipocrisia!!! Joana d´Arc e Anita Garibaldi não aprovariam.

Está tudo explicado, precisam ajoelhar-se e pedir perdão à Allah cinco vezes ao dia, precisam fazer pelo menos uma vez na vida a perigrinação a Meca (Makkah - cidade sagrada), precisam jejuar durante todo o ramadã, tentando livrar-se dos pecados da carne, da mente e da alma. Está tudo errado. Nem as forças de Budha, Allah e Oxalá resolveriam esta bagunça!

PELOS PODERES DE GRAYSKULL!!! Salvem-se quem puder...

sábado, 9 de maio de 2009

GP do Bahrain

O desejo de assistir o Grande Prêmio de F1 no golfo estava perto de ser realizado. Chegamos ao aeroporto próximo da meia noite e o voo para cidade de Dammam estava atrasado, sem previsão, talvez até fosse cancelado. No estacionamento, reclinamos os bancos do carro e dormimos com a ajuda do ar condicionado. Ainda bem que o combustível na Arábia Saudita sai menos que a água. Aqui, o litro da gasolina custa - em reais - trinta e seis centavos (R$ 0,36). Bravamente, às 6hs da manhã, estávamos com o cartão de embarque nas mãos. Na Arábia Saudita, ao passar no raio X, as mulheres não utilizam a mesma fila dos homens. Passei por um caminho cortinado, sendo revistada por duas mulheres mal-humoradas, e vigiada por outra com uma metralhadora nas mãos. Foram desarmadas por minha tranquilidade e cordialidade. Sem traumas.

Desembarcamos em Dammam e pegamos uma carona com um colega de trabalho do meu marido. Foram uns cem kilômetros rumo ao pequenino país chamado Bahrain (692km2). No caminho não contive a euforia ao avistar ao longe, pela primeira vez, a moradia dos beduínos e uma fila de camelinhos. É incrível! Os beduínos vivem em tendas, isolados, no meio do deserto. Avançamos pela burocracia da imigração e encantei-me com o verde esmeralda das águas do Golfo Pérsico. Rodamos pelos vinte e seis kilômetros da ponte King Fahd atrás de diversão. No Bahrain, ao contrário da Arábia Saudita, há cinema, teatro, shows, consumo de bebidas alcólicas, carne de porco e derivados, as mulheres podem andar sem a abaya, sem o véu... E o melhor de tudo, podem dirigir livremente!

O país estava preparado e decorado para sediar o Grande Prêmio de F1. Até mesmo alguns táxis tinham a pintura do teto com o xadrez preto e branco da bandeirada final. Uma gracinha! A beleza da cor do mar, contornando o arquipélago, completaram o cenário. Nas ruas, o paisagismo é repleto de tamareiras terrosas e verdejantes, de todos os tamanhos, por todos os lados.

Despertamos e saboreamos um gostoso brunch na casa dos super anfitriões gaúchos. Depois de forrarmos o estômago, partimos para o local do evento. Uau! Avistamos as instalações do circuito internacional do Bahrain no escaldante deserto de SAKHIR. Chegamos fardados, com esperanças, de um possível pódio brasileiro. Para enfrentar o forte calor de 40 graus, muita água e Red Bull para amenizar. Tudo muito civilizado e organizado. Perto da hora do início da largada, deixamos a agradável área de lazer atrás de nossas cadeiras na turn one. Infelizmente, o show de caças da Força Aérea do Bahrain foi fraco e o tão esperado rasante do avião da Gulf Air não aconteceu. A pista do autódromo é nova, moderna e segura. Passei a corrida completamente perdida de quem era quem, nem ao menos as escuderias eu sabia direito. Só reconheci o Massa pelo seu capacete com as cores da nossa bandeira, mas não tinha a mínima idéia de qual posição ele se encontrava. Sem o protetor auricular, teria sido impossível assistir a corrida. O ronco da Ferrari deixará saudades, mas o sonhado pódio brasileiro não aconteceu.

Partimos deixando a ilha da fantasia para trás e antes de embarcar fomos cortejados pelo nascer do sol junto a mesquita do aeroporto de Dammam. Retornamos para Jeddah, na Arábia Saudita, onde o sabor do proibido será ainda mais gostoso.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Riyadh

Fui conhecer a capital da Arábia Saudita. Voei até Riyadh para providenciar meu visto de residente com múltiplas entradas e meu IQAMA (tipo um green card árabe). É uma cidade elegante, o design dos prédios é ultra moderno e a arquitetura é muito luxuosa. É bem mais limpa que Jeddah.

Alugamos um carro na locadora AL JAZIRA. O dono, um libanês, perguntou nossa nacionalidade e fez questão de nos atender pessoalmente. Tomei chá e conheci toda a sua família por fotos e vídeos. Nos convidou para as refeições em sua casa e ofereceu hospedagem em Beirut. Foi difícil ele nos deixar partir. Os brasileiros são muito bem quistos na Arábia Saudita. Viva o futebol e seus talentos.

Pegamos a auto estrada a fim de encontrarmos a Old Riyadh. A bateria do GPS havia acabado, a gasolina se aproximava da reserva, e o horário da reza e da sesta estavam por vir. O pavor repentino tomou conta do meu marido, e concordei, meio a contragosto, em dar meia volta e deixar esta missão para outra oportunidade.

Vi estrelas e fui aos céus visitando o suntuoso prédio THE KINGDOM em seus 297metros. Só a viagem a bordo do elevador já valeu o ingresso pago, a iluminação no interior da máquina lembrava pedrinhas de brilhantes. Caminhei na futurista SKY BRIDGE em seus 63,7metros de comprimento. Com permissão do segurança filipino, me joguei nas vidraças e me deitei em busca de uma foto menos formal. Uma pena a visibilidade estar ruim por causa da areia. Não renderam muitas fotos. O almoço foi na praça de alimentação, em um fast food árabe; e para fazer a digestão, um refrescante sorvete.

Fomos até a cidade diplomática, a fim de efetuar o nosso registro. A cidade é linda, super organizada, até mesmo as residências dos funcionários das embaixadas ficam em condomínios dentro desta cidade. Localizamos o Consulado Brasileiro, e depois de nossa identificação na portaria, recebemos um humilde e confortável BOA TARDE em português. Caminhamos ao redor do imponente prédio atrás de atendimento. Esbravejei que precisaríamos de cipó para escalar. Rimos. UFA! Conseguimos adentrar e fomos atendidos com a ajuda do porteiro. Deixamos fotos nossas e contato no Brasil em caso de algum acontecimento catastrófico, vai saber...

Riyadh tem a cultura muçulmana mais enraizada que Jeddah, é bem mais fechada . Aqui, os MUTAWAS (polícia religiosa), são presença constante em locais públicos. Assombram mulheres atrás de HARAMS (pecados). Castigam as que não cobrem os cabelos, dançam, se divertem... Já me descreveram como são estes religiosos, mas ainda não os encontrei. Uma brasileira, que estava com dois colegas de trabalho, foi pega por um MUTAWA no dia em que estávamos na capital. Eles foram presos, questionados e libertados, pois tinham influência, mas não escaparam da multa e da humilhação. Na Arábia Saudita a mulher só pode andar acompanhada do marido, do pai ou dos irmãos. Para mim, os MUTAWAS ainda são personagens fictícios em um mundo irreal. Ando com o véu por achar charmoso, mas também ando sem, pelas ruas e pelos shoppings procurando esta espécie em extinção. Gostaria que Allah (Deus) me desse a oportunidade de ver estes seres que estão se evaporando nos céus do deserto e tem os dias contados por aqui.

Allah-U-Akbar! Allah-U-Akbar! Allah-U-Akbar!