
Um dos meus lugares preferidos em qualquer lugar do mundo é, definitivamente, o centro das cidades. É no centro que as coisas continuam a acontecer, mesmo pertencendo ao passado os tempos áureos do glamour. Aqui, em Jeddah, não seria diferente. Ainda bem! O centro de Jeddah é recheado de história, cheiros, cores e muita barganha. Duas vezes por semana, nas terças e nas quintas-feiras, pela manhã, o ônibus do compound vai até o main souk (mercado central), onde os moradores efetuam desde as compras básicas até as mais excêntricas. Quanta bugiganga, devaneios acontecem!
A primeira vez que fui ao centro de Jeddah, comecei com passos tímidos percorrendo as ruas e mapeando o local. Passada a primeira hora, já havia descoberto algumas das vielas mais sinistras do bairro. Prédios antigos, tortos e com janelas encantadouramente talhadas em madeira surgiam em meio aos escombros de tantos outros. Me senti fazendo parte da história relatada nas folhas do livro “A Cidade do Sol” durante a guerra do Afeganistão, após os bombardeios atingirem a cidade de Cabul. Não cansei de olhar para todos os lados e admirar a bela arquitetura que homem e tempo ajudaram a maltratar. Mais alguns passos e um clarão reluzente me chamou a atenção e me ofuscou a visão. Era a travessa das jóias, repleta de muito ouro e pedras preciosas. Já um tanto perdida, próximo da hora programada para o retorno, apressei o passo até encontrar o ônibus que já estava de partida.
Com meu marido também fiz novas descobertas e, nos labirintos do centro, fomos mais além... Percorremos as ruazinhas cheias de lojas de lenços, tecidos brocados, abayas (vestimenta preta obrigatória para mulheres), thobes (vestimenta masculina local), e muitas lojinhas de especiarias multicoloridas que são vendidas à granel. Na andança, nos deparamos com um par de canhões que os árabes usaram para se defender dos portugueses em alguma batalha a uns quinhentos anos atrás, nem eles sabem precisar a data. Estes canhões ficam em frente a Nassif House, que hoje abriga um museu e centro cultural. A casa foi construída entre 1872 e 1881, possui cento e seis aposentos, e era propriedade de um sheik. Neste dia ela estava fechada para visitações. Como vou ao centro semanalmente, uma das vezes consegui adentrar em um dos salões da residência. A visitação interna da casa só é permitida acompanhada de agência de turismo local; voltarei em um destes passeios com guia. Ouvi dizer que a casa reserva surpresas aos visitantes; a mais incrédula de todas, sem sombra dúvida, é que teriam roupas da Eva bíblica (isso mesmo, a EVA de Adão) em seu interior. Como?! Folhas de figueira, farrapos de pelego, trapos?!! A cultura islâmica reserva surpresas e curiosidades que até a nossa vã filosofia não ousaria explicar. Tão de sacanagem... Tô muito curiosa para desvendar!
Cada vez que leio suas atualizações fico mais anciosa a espera do meu embarquue, e pensar que tu vais ter uma companheira para estas e outras aventuras ou .... "indiadas".
ResponderExcluirDeixe um pouco de bugigangas para mim por favor!!!!
Beijo grande
Carina
Vai sair neste super blog umas receitas bem típicas???
ResponderExcluirA propósito, o kibe tem origem árabe,e o kibe cru? Eles não comem carne nem mal passada, imagina crua!?!?!?
Descobrir isto é uma missão para a super Xoxa!!!!!!
beijos
Oie, saudades suas!!!
ResponderExcluirEu vi essa casa que esta sentada em frente num documentario na TV, e a unica arvore da cidade, nao e?
Vai descobrindo todas as lojinhas, principalmente as de ouro porque Roxane necessita de " muito ouro " !!!
Beijao
P.S: Roxane Menina Traveco amou as unhas vermelhas do outro post!!!
legal seu blog... to pretendo ir para Jeddah ano que vem (a trabalho) mas minha esposa está relutante em me acompanhar. A vida para mulheres é tão ruim assim como as pessoas figuram?
ResponderExcluirOi Ricardo. Fico feliz que tenhas gostado do blog. Acho que a vida é ruim para as mulheres sauditas. Para mim, a vida das ocidentais é ótima. O mais complicado é não poder dirigir, mas existem outros meios que suprem a carência do direito de ir e vir com o próprio transporte.
ResponderExcluirbrigadão pela atenção!
ResponderExcluiroi Xoxa, sou portuguesa e tenho muita vontade de visitar Mecca e Jeddah. Eu e minha filha queremos muito ir até lá , mas o visto é algo que nos está a por muitos entraves.
ResponderExcluirComo é que voçê obteve o seu? Parec pelas informações obtidas aqui em Portugal que mulheres ocidentais não são muito bem vindas e como não temos embaixada da Arábia Saudita cá tenho muita dificuldade em obter informações correctas.
Encontrei o seu blog por mero acaso, já estou fã, e, aproveitei para a questionar pois assim pode ser que me possa ajudar a concretizar o meu desejo.
Muito obrigado e parabens pelo seu blog
Ana Paula
Oi Ana Paula! Muito obrigada!Sinto-me lisonjeada em ter uma leitora portuguesa. Sou fã dos doces e do bacalhau do teu país. Acabei de enviar-te um e-mail tentando esclarecer as dúvidas e explicando como vim parar aqui.
ResponderExcluirOi Alessandra, vou morar 1 ano em Jeddah, por enquanto estou em hotel pois no compound que provavelmente irei morar ainda não tem nenhuma casa disponível.
ResponderExcluirVc sabe me dizer quais os melhores condominios para estrangeiros? Acho que academia que eu possa frequentar só vou encontrar no condominio né?
Adorei seu blog.
Bjs!
Adriana
Nossa...estou ak a espera do segundo Livro, Vc esta melhor do qq jornalista famosa, ou melhor..retiro o qualquer, mas sua historia nos prende de um jeito, que estou me vendo em jeddah..Estamos de mudanca no proximo ano p Riyad, gostaria de algumas informacoes..Eu penso como vc em relacao a abaya, estarei sempre numa festa á fantasia..Meu email é susiedes_roxa@hotmail.com
ResponderExcluirAbracos,
Suzi