
A oportunidade para o típico piquenique acabou aparecendo. Subimos a serra saudita em direção a cidade de Taif, lugar onde os árabes adoram passear em busca de um calor bruxuleante nas alturas. Pegamos o acesso para não-muçulmanos em direção a cidade e deixamos Meca (capital espiritual do islamismo) para trás. Avistamos as tendas dos beduínos nômades com seus rebanhos de camelídeos. Montanhas de pedras em um solo arenoso. O trajeto de aproximadamente 150km passou rapidamente e nem senti que estávamos a uma velocidade de 170km p/hora. Não entendi a pressa. Me dei conta que estávamos nos aproximando de Taif quando a altitude começou a aumentar drasticamente. Paramos para registrar o cenário através de fotos e percebi o frescor da temperatura em minha pele.
Chegando em Taif as coisas complicaram um pouco, as placas estavam escritas somente em árabe e não tínhamos noção para onde ir. Estávamos com mais brasileiros em outros dois carros, e o aparelho GPS de um deles não achou informações turísticas animadoras. Aliás, como a Arábia Saudita é um dos países mais fechados do mundo, eles não emitem visto de turismo, somente visto de turismo religioso, ou seja, para muçulmanos. Descolamos a visita ao zoológico da cidade e fomos até lá conferir. Não tínhamos muita escolha, o horário do meio dia se aproximava e junto a hora da reza e da sesta, onde tudo fecha por algumas horas. Acabamos entrando e alugamos um carrinho de golfe para nos protegermos do sol do meio dia. Os homens logo abandonaram a direção e o pequeno veículo. Eu assumi o controle da máquina e os olhos sauditas não aprovaram muito. Seguimos o passeio. Pobres animais! O elefante olhava tristonho e o jacaré estava ensopado na água quente e suja acompanhado por garrafas vazias que foram jogadas. Na gaiola do pássaro Quail, havia um gato que descansava tranquilamente na sombra do telhado, talvez fazendo a digestão. Os cães e os gatos ganham destaque, aqui eles são animais de zoológico. Já os camelos e os dromedários pareciam contentes no hábitat arábico.
Fomos até a entrada de outro parque e montamos o piquenique à sombra de algumas árvores. Comemos, bebemos e curtimos um chimarrão rodeados por árvores decoradas com centenas de sacos plásticos tremulando ao vento oriundos do lixo que o povo deixa por onde passa. Não localizamos as famosas plantações de rosas e não andamos no teleférico. Assim, teremos pretexto para voltar à serra saudita.
No retorno, encostamos o carro para ver um bando de macacos babuínos recebendo guloseimas e divertindo as pessoas com seus traseiros vermelhos. Nos despedimos dos babuínos e dos beduínos. Descemos a região montanhosa e voltamos pela estrada envoltos pela imensidão das areias do vasto deserto. Uma vegetação escassa, mas existente e de um verde intenso. Provando que a vida é possível em todos os lugares, em qualquer condição, em toda direção.
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