sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Piquenique em Taif

Nunca imaginei que no Reino da Arábia Saudita, assim como em outros países árabes, eles fizessem tanto piquenique. Mas fazem. São ciganos do deserto! Eu que adoro um passeio e uma farofada, tratei de comprar um tapete com palácios e camelos do deserto estampados. Adquiri uma garrafa térmica em estilo árabe e fiquei esperando o dia que o tal convescote se concretizasse em um canto qualquer.

A oportunidade para o típico piquenique acabou aparecendo. Subimos a serra saudita em direção a cidade de Taif, lugar onde os árabes adoram passear em busca de um calor bruxuleante nas alturas. Pegamos o acesso para não-muçulmanos em direção a cidade e deixamos Meca (capital espiritual do islamismo) para trás. Avistamos as tendas dos beduínos nômades com seus rebanhos de camelídeos. Montanhas de pedras em um solo arenoso. O trajeto de aproximadamente 150km passou rapidamente e nem senti que estávamos a uma velocidade de 170km p/hora. Não entendi a pressa. Me dei conta que estávamos nos aproximando de Taif quando a altitude começou a aumentar drasticamente. Paramos para registrar o cenário através de fotos e percebi o frescor da temperatura em minha pele.

Chegando em Taif as coisas complicaram um pouco, as placas estavam escritas somente em árabe e não tínhamos noção para onde ir. Estávamos com mais brasileiros em outros dois carros, e o aparelho GPS de um deles não achou informações turísticas animadoras. Aliás, como a Arábia Saudita é um dos países mais fechados do mundo, eles não emitem visto de turismo, somente visto de turismo religioso, ou seja, para muçulmanos. Descolamos a visita ao zoológico da cidade e fomos até lá conferir. Não tínhamos muita escolha, o horário do meio dia se aproximava e junto a hora da reza e da sesta, onde tudo fecha por algumas horas. Acabamos entrando e alugamos um carrinho de golfe para nos protegermos do sol do meio dia. Os homens logo abandonaram a direção e o pequeno veículo. Eu assumi o controle da máquina e os olhos sauditas não aprovaram muito. Seguimos o passeio. Pobres animais! O elefante olhava tristonho e o jacaré estava ensopado na água quente e suja acompanhado por garrafas vazias que foram jogadas. Na gaiola do pássaro Quail, havia um gato que descansava tranquilamente na sombra do telhado, talvez fazendo a digestão. Os cães e os gatos ganham destaque, aqui eles são animais de zoológico. Já os camelos e os dromedários pareciam contentes no hábitat arábico.

Fomos até a entrada de outro parque e montamos o piquenique à sombra de algumas árvores. Comemos, bebemos e curtimos um chimarrão rodeados por árvores decoradas com centenas de sacos plásticos tremulando ao vento oriundos do lixo que o povo deixa por onde passa. Não localizamos as famosas plantações de rosas e não andamos no teleférico. Assim, teremos pretexto para voltar à serra saudita.

No retorno, encostamos o carro para ver um bando de macacos babuínos recebendo guloseimas e divertindo as pessoas com seus traseiros vermelhos. Nos despedimos dos babuínos e dos beduínos. Descemos a região montanhosa e voltamos pela estrada envoltos pela imensidão das areias do vasto deserto. Uma vegetação escassa, mas existente e de um verde intenso. Provando que a vida é possível em todos os lugares, em qualquer condição, em toda direção.

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