terça-feira, 1 de setembro de 2009

Comes, Bebes e Cia

Finalmente provei a carne de camelo árabe. Comi um pedaço da costela (meu corte predileto) deste alto e desengonçado bichão. Mesmo não encontrando a carne de um animal novo no supermercado perto de casa, me surpreendi. Macia e saborosa, semelhante à carne de gado em aparência e sabor. Foi feita à moda gaúcha, assada na brasa, mas com sal fino, já que aqui em Jeddah ainda não encontramos sal grosso para vender. O leite da camela árabe também é bom. É mais saudável e incorpado que o leite de vaca, mas é três vezes mais caro. E, assim como a carne, não se encontra em qualquer supermercado.

Como o consumo e a venda das bebidas alcoólicas são proibidos em toda a Arábia Saudita, as casas de suco de frutas são predominantes na maioria dos locais. Eles também vendem caldo de cana e aparentemente as máquinas são mais evoluídas do que as encontradas no Brasil. Logo que cheguei, comprávamos garrafa de dois litros para beber em casa, mas logo eliminamos este hábito açucarado e calórico. Gosto muito do suco de manga com abacate e mel, tem um gostinho todo especial. Bebo bastante o de limão com hortelã e algumas vezes o suco de romã, super na moda em virtude de seus benefícios.

O manjericão, erva aromática que aprecio pela beleza das folhas e seu atraente perfume, é planta ornamental comum nas arábias. Seu verde vívido enfeita os canteiros e praças da cidade, a área dos condomínios e os vasos das residências. É usado também como uma forma de repelente, pois há épocas em que muitos mosquitos e moscas ficam zumbindo pelo ar. Os pés de manjericão resistem bravamente ao estufante calor e às regas escassas.

Os pães, ah os pães! São delícias das Arábias. Perdição que vem desde os tempos da pré-história. Os pães árabes sempre acompanham as refeições, eles chegam macios e quentinhos na mesa dos restaurantes sob diversas formas. Delicio-me com muitos deles antes da refeição, principalmente no restaurante Al Fairuz, e quando a comida chega, já estou satisfeitíssima. Adoro comprar o pão sírio, aquele chato, preparo torrada com eles. Tem também o markuk, que é tipo uma folha, preparo-os em forma de crepe com diferentes recheios. A durabilidade deles é curta, rapidamente mofam e perdem o encanto. O povo árabe, ainda mais os beduínos, alimentam-se com as mãos, e os pães neste formato servem para pegar os alimentos.

Antes mesmo de definirmos a nossa mudança para Jeddah, já pensava nos cursos de culinária que talvez encontrasse no Oriente Médio. A culinária árabe é uma das mais ricas do mundo, e tinha certeza que encontraria algo. As confeitarias são verdadeiras joalherias; grandes, espelhadas e de encher os olhos. Mesmo com opções limitadas para o público feminino, descolei um curso de decoração de bolos da Wilton, da mesma escola do Canadá e dos Estados Unidos. Uma turma de oito mulheres e eu, a única não muçulmana. Acabei de concluir o primeiro nível, onde duas colegas negavam-se em remover a abaya durante as aulas, e com relutância descobriam o rosto e os cabelos. Fotos dentro da sala de aula, nem pensar! As aulas recomeçam no dia 04 de outubro, e estou com muita curiosidade para conhecer minhas colegas e aprender novas técnicas.

Allah revelou ao profeta Maomé, que uma moça para casar-se, precisa “fisgar” o homem pelo estômago. Este antigo e certeiro ditado que talvez venha do Alcorão (livro sagrado do Islamismo) eu pratico e recito todos os dias. Mas nem só de pão viverá o homem. Ele precisa alimentar-se com todos os sentidos!

3 comentários:

  1. Xoxinha,acho maravilhosas tuas experiências narradas aqui, parece que me transporto para os lugares que descreves com tantos detalhes. Além de aprender e visualizar lugares lindos, ainda posso
    compartilhar contigo um pouco da tua história!
    Te amo, Cristina Salomão.

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  2. Como sempre....Delícia Pura!!!
    bjooooooo

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  3. Ah, estou apaixonada pelas fotos que tiras. Tem umas dignas de publicação. bjoooo

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