terça-feira, 20 de outubro de 2009

Banho de Lama no Mar Morto

Planejar e esperar por uma viagem é tão empolgante quanto concretizá-la. Pesquiso algumas coisas do destino na internet e crio expectativas sobre o lugar montando imagens em minha mente. Quando eu era pequena, dias antes de viajar, minha mãe me dizia para deixar sobre a cama conjuntos de roupas para viagem, depois ela passava para fiscalizar o aproveitamento da escolha dos figurinos. Hoje em dia, deixo para preparar a mala poucas horas antes do voo decolar.

Planejamos a viagem à Jordânia três dias antes do nosso embarque. O objetivo em conhecer o país era irmos até a cidade de Petra, uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Mesmo sabendo que não teríamos tempo de banhar-nos nas águas salobras do Mar Morto, não consegui tirar esta idéia fixa da minha cabeça. O visto de entrada foi feito rapidamente quando chegamos em Amman, capital do país. Como as primeiras horas em lugares desconhecidos são sempre estranhas, solicitamos ao hotel um taxi particular para nos buscar. Com atraso, o Sr. Motorista apareceu e rumamos ao hotel de vinte dolares em seu carro escangalhado e sem ar condicionado. E, é claro, com uma diária deste valor, o conforto das estrelas oferecidas se encontravam no céu.

O hotel estava localizado na parte histórica da cidade, estrategicamente aos arredores dos pontos turísticos da capital. Fomos até a Citadel e conhecemos as ruínas do Templo de Hércules, o Palácio Ummayyad e a Igreja Bizantina. Como a Citadel fica no alto, o visual foi legal e tivemos uma visão bacana do centro da cidade com suas tradicionais construções. Descemos o monte e fomos visitar o Teatro Romano com seus seis mil lugares. Chegamos exaustos na última fileira; subir tantos degraus e descansar imaginando os acontecimentos que fizeram história, foi o ponto alto do passeio.

A idéia fixa de tomar banho com a milagrosa lama do Mar Morto acabou virando fato. Acertamos o valor do passeio e percorremos em torno de duas horas e meia pelas estradas jordanianas até avistarmos o lago de água salgada. Na margem de cá, a Jordânia; na de lá, a Palestina. Existem vários clubes e hotéis cinco estrelas na orla, você compra o ticket e passa o dia usufruindo o entretenimento oferecido por eles. Entramos em um destes clubes e fomos almoçar no restaurante para provar a comida local. Catastroficamente eu não havia levado roupa de banho, mas mesmo assim não me abalei. A textura da água é bem diferente, escura e parece ter óleo. Realizei um banho em estilo tcheco e lavei bem o rosto, achei que fosse ficar cega quando abri os meus olhos. Meu lábio também ficou extremamente salgado. Depois é que li as instruções em uma placa. Estas águas são consideradas as mais salgadas do mundo e as pessoas não tem como afundar. Um turista boiava tranquilamente na água enquanto lia o jornal. Depois de banhar-me na água que é composta por vários tipos de sais, algumas delas encontradas somente aqui, entrei na fila para o banho de lama. Paguei uma pequena taxa e pude encher as mãos com a lama de cheiro estranho para passar nas minhas pernas, braços e face. Depois do ritual de beleza asfáltico, assistimos ao sol se pondo em território palestino.

Comprei lama embalada para levar para casa, assim como outros produtos mágicos que eles vendem e que são fabricados aqui. Voltamos ao hotel para descanso. No outro dia, o destino foi a rodoviária. Fomos atrás de Petra. Lá, realizamos a última cruzada, sempre lembrando de viver a vida!

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