domingo, 11 de abril de 2010

Convescotes no Deserto

Tive a oportunidade de participar de alguns convescotes na Arábia Saudita. Alguns brasileiros temem este tipo de programa e negam-se a seguir os demais. Outros já foram em algum e juram nunca mais voltar. Como eu não tenho medo e não sofro com o conforto limitado, recomendo a aventura. O medo de alguns é devido a um grupo de nove franceses que foram sumariamente assasinados em fevereiro de 2007 quando visitavam a região do deserto nas proximidades de Jeddah. Volta e meia surgem convites para nos juntarmos a outras pessoas e seguirmos em comboio atrás de espaços perdidos na imensidão do deserto. Sinto-me atraída por eventos que venham acompanhados de certa emoção. Preciso de adrenalina para nutrir meu coração!

O programa diário entre os sauditas é estenderem seus tapetes para realizarem piqueniques em qualquer canto ou lugar. Famílias inteiras reunem-se em cima de imensos tapetes, sentadas ao redor de aparelhos de narguilé fumando suas shishas aromáticas. Pode ser em uma praça, nos canteiros das avenidas, na praia, nas calçadas ou em qualquer terreno baldio. Em todo lugar é permitido que você se abanque e monte seu acampamento. Nas lojas e em qualquer supermercado você encontra utensílios para acampamentos e convescotes. Existem quiosques em toda a extensão da Corniche Road (Beira Mar) onde eles vendem tapetes, encostos de suvaco e outras mordomias para tornar seu piquenique mais confortável. É a diversão mais comum em Jeddah, é lindo de se ver!

Na aridez descampada do deserto você encontra muitas belezas. Em um dos convescotes, conhecemos uma região onde haviam infinitas pedras coloridas de variadas formas e tamanhos. Pedras brancas, verdes, rosas, cinzas e roxas de diferentes tons. O chão estava coberto destes minerais vindos de um tempo remoto. Admirável! Nestes piqueniques longe das cidades, a mulherada aproveita para andar sem as abayas e circulam sem os modelitos islâmicos.

Em um outro piquenique, o pretexto gastronômico foi o de preparar churrasco, outras guloseimas e uma fogueira. Andamos uns cinquenta quilômetros para os lados da cidade de Usfan. O comboio parou no meio do caminho para comprar gravetos e lenha em uma tenda de beduínos e depois seguiu até o local do acampamento antes do sol se pôr. Ao chegar, acomodei meus apetrechos e instalei-me confortavelmente em um tapete, ficando apoiada em um travesseiro mágico. Reclusa em meu silêncio, observei o corre-corre das formigas, as chamas da fogueira e acompanhei o céu se encher de estrelas. Dificilmente consigo ver estrelas na escuridão dos céus de Jeddah. Mas ao nos distanciarmos da capital, a beleza das constelações em firmamento se fizeram presentes. Baseada em meus conhecimentos precários em astronomia, localizei facilmente as Três Marias e fui atrás das luzes da constelação de Órion... Acredita-se que a palavra “arábia” signifique uma “constelação de estrelas”. Isso até passa a fazer algum sentido pela adoração ao sol, a lua e as estrelas que tem sido praticada nesta região desde os tempos antigos.

Girando na ciranda do colorido, gosto de fazer o meu julgamento sobre as coisas, testar sabores com meu próprio paladar e ver paisagens com meus próprios olhos. Observar os prazeres da arte, da natureza e do clima. Curtir pedras sobre pedras, o céu de brigadeiro, e as areias cor de mel antes e depois da noite chegar!

Um comentário:

  1. ui que medinho do massacre dos franceses!! o lugar do piquinique de um modo geral valeu a pena a aventura,parabéns pela coragem,bjs

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